domingo, 30 de outubro de 2011

Presos na roda da vida


"Como conduzir o caminho para atingir este objetivo? Eis que a tarefa é
difícil! As condições de hoje não são tão distanciadas do passado quanto
a distância que separa o céu da terra. Como mesmo nos comparar aos
mestres do passado? Porém, aplicando-nos sem medir nosso sofrimento, não
há razão para não fazer tão bem e melhor que eles. Se isto não lhe
parece evidente, é porque você ainda não clareou seu espírito. Seus
pensamentos dispersos galopam como um cavalo selvagem e suas emoções
pulam como um macaco de galho em galho. Porém, quando esses fogosos e
dispersos pensamentos recuam e retornam sobre si mesmos, em apenas um
instante, nossa natureza original toma forma e todas as coisas ficam
iguais e em harmonia. É desta forma que giramos as coisas no lugar de
sermos girados por elas.”

Mestre Dogen Zenji (1200 - 1250)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

CONFLITOS SEM RAIVA


Pode parecer que obtemos mais energia da raiva do que da paciência. De fato, podemos nos viciar nessa energia, mas ela não dura. Se deixar levar pela energia da raiva é como tomar um drink para se acalmar; como você não chega realmente à origem da ansiedade, acaba bebendo mais um copo, e mais cedo ou mais tarde, fica viciada.
Para lidar com os conflitos sem raiva e com tato, é preciso saber como se valer das reservas mais profundas de compaixão. Conseguiremos proteger melhor os outros quando formos pacientes e amorosos. A paz interior se expressa externamente e afeta a todos ao nosso redor.

Se estivermos tomados pela fúria, não poderemos ajudar. A energia da raiva permeia tudo, como um cheiro pútrido. Sua influência vai além da vítima, da testemunha e do agressor. A raiva nos deixa rígidos, apegados demais ao nosso ponto de vista e nos faz perder as qualidades de pacificadores. A nossa paz interior cede à tensão da raiva, as pessoas que trabalham conosco sentem isso e seremos menos eficazes.
É necessário oferecer a todos os envolvidos o benefício de uma compreensão mais profunda, um modelo de amor e compaixão. Assim, conquistaremos a confiança das pessoas; seremos mais influentes e capazes de protegê-las.

Chagdud Tulku Rinpoche (Tibete, 1930 – Brasil, 2002):
“Para abrir o coração”, I | 4

sábado, 22 de outubro de 2011

Precisamos refletir



Milhões de animais já estão sendo preparados, confinados, aguardando o abate para os festejos de natal.

“Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante.”

Albert Schwweitzer (Nobel da Paz - 1952)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

"A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê"


William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frentehttp://www.blogger.com/img/blank.gif de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Rubem Alves

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Por que palavras?


Um monge aproximou-se de seu mestre - que se encontrava em meditação no pátio do Templo à luz da lua - com uma grande dúvida:

"Mestre, aprendi que confiar nas palavras é ilusório; e diante das palavras, o verdadeiro sentido surge através do silêncio. Mas vejo que os Sutras e as recitações são feitas de palavras; que o ensinamento é transmitido pela voz. Se o Dharma está além dos termos, porque os termos são usados para defini-lo?"

O velho sábio respondeu: "As palavras são como um dedo apontando para a Lua; cuida de saber olhar para a Lua, não te preocupes com o dedo que a aponta."

O monge replicou: "Mas eu não poderia olhar a Lua, sem precisar que algum dedo alheio a indique?"

"Poderia," confirmou o mestre, "e assim tu o farás, pois ninguém mais pode olhar a lua por ti. As palavras são como bolhas de sabão: frágeis e inconsistentes, desaparecem quando em contato prolongado com o ar. A Lua está e sempre esteve à vista. O Dharma é eterno e completamente revelado. As palavras não podem revelar o que já está revelado desde o Primeiro Princípio."

"Então," o monge perguntou, "por que os homens precisam que lhes seja revelado o que já é de seu conhecimento?"

"Porque," completou o sábio, "da mesma forma que ver a Lua todas as noites faz com que os homens se esqueçam dela pelo simples costume de aceitar sua existência como fato consumado, assim também os homens não confiam na Verdade já revelada, pelo simples fato dela se manifestar em todas as coisas, sem distinção. Desta forma, as palavras são um subterfúgio, um adorno para embelezar e atrair nossa atenção. E como qualquer adorno, elas podem ser valorizadas mais do que é necessário."

O mestre ficou em silêncio durante muito tempo. Então, de súbito, simplesmente apontou para a lua.

Conto Zen.