sábado, 28 de fevereiro de 2009

Consciência no Momento Presente


Se você está completamente presente, com sua mente e corpo verdadeiramente unidos, você imediatamente fica totalmente presente e totalmente vivo. É aquela energia que lhe ajuda a estar vivo e presente. Você pode trazer consciência a si de muitas formas: por apenas respirar, caminhar, olhar, cozinhar, por tomar café da manhã… pois você pode usar o ato de tomar café da manhã como um exercício para unir corpo e mente.

Eu gostaria de definir a consciência como a prática de estar ali, corpo e mente unidos. A prática de estar totalmente presente, a prática de estar totalmente vivo. Você tem um encontro com a vida - e você não deveria perdê-lo. O tempo e o espaço de seu encontro são o aqui e o agora. Se você perde o momento presente, se você perde o aqui e o agora, você perde seu encontro com a vida, o que é muito sério. Assim aprender a voltar para o momento presente, estar completamente presente, estar completamente vivo, é o início da meditação.

(Traduzido por Cláudio Miklos da Discussão de Dharma de Thich Nhat Hanh em Plum Village em 6 de agosto de 1998)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Deus no budismo


Há pessoas que interpretam que no budismo não há "Deus". O assunto é polêmico dentro da própria comunidade budista. Este artigo da Wikipédia ajuda a clarear a questão. Gostei também da explicação sobre o assunto contida na introdução do livro "The Life of Milarepa", de Lobzang Jivaka:

O Buda, muito longe de negar que havia um Absoluto, garantiu que aqueles que alcançassem a iluminação deveriam se fundir com Isso e assim perceber a Realidade em oposição ao mundo das ilusões e dos fenômenos. O que ele realmente disse, contudo, que tem levado pessoas a acusarem-no de ateísmo, é que não temos nenhum meio de expressar qualquer coisa sobre Isso. Palavras pertencem ao universo dos fenômenos e são aplicáveis apenas à ele. Quando alguém vai além dos fenômenos, em direção à Realidade, palavras precisam obrigatoriamente ser deixadas para trás. Nenhum ensinamento, nenhuma descrição, nenhum pensamento podem expressar o Absoluto -- mas podemos experimentá-lo, se suficientemente evoluídos.

O que Buda combateu foram as numerosas tentativas que foram feitas, estão sendo feitas e continuarão a ser feitas, de dizer que o Absoluto é isso ou aquilo, um Deus pessoal, um Criador, um Deus-Pai. Ele insistentemente recusou responder qualquer pergunta sobre o assunto porque isso era inexprimível em palavras. Ele não iria permitir a seus discípulos imaginar um Absoluto a semelhança deles, como é a tendência do homem em todo lugar. Ele assinalou sutilmente que é melhor se ajustar para tentar alcançar a iluminação e, assim, experimentar o Absoluto por si próprio, em vez de perder tempo tentando ineficazmente falar sobre isso, já que nada que possa ser dito sobre Isso pode ser verdade em absoluto. Palavras iriam inevitavelmente modificá-Lo e moldá-Lo, resultando no máximo em uma aproximação grosseira. Palavras podem ser verdadeiras apenas em certo nível, mas apenas nesse nível, portanto serão apenas verdades relativas. Assim, como um entendimento que só funciona por meio de palavras pode conter o que não pode ser colocado em palavras? Apenas pela experiência direta.

Se esse fato tivesse sido assimilado, às custas do orgulho humano, teria havido muito menos intolerância, violência e sofrimento cometidos em nome da religião, entre os vários adeptos de seus seus próprios credos; todos afirmando de maneira confiante e dogmática que somente eles receberam a Verdade e que todos os outros estão errados e devem ser salvos de sua ignorância voluntária.

...

Então, se não há nenhum Deus no sentido de um Deus pessoal -- ou se for compreendido que conceitos de um Deus pessoal, um Criador ou um Deus-Pai, são apenas relativamente verdadeiros e adequados apenas a alguns estágios do desenvolvimento humano -- porque há tantas referências aos "deuses" [no budismo tibetano], sugerindo toda uma hierarquia?

A palavra páli "deva" é traduzida como "deus", mas na verdade significa "espírito", um ser de um reino superior que, no budismo, pode influenciar seres humanos, ajudar e protegê-los. A Terra não é o único mundo de seres da cosmologia budista. Há incontáveis universos em diferentes planos de existência, isto é, em diferentes estágios de desenvolvimento (espiritual). Alguns são mais elevados que nós (que somos a maioria). Alguns são inferiores. Há muitas referências a seres humanos renascendo em reinos superiores ou inferiores.

Mas, no budismo, não há lugar para a hierarquia massiva da religião Hindu, que acrescentou o próprio Buda a essa hierarquia (até os cristãos fizeram Dele um dos seus santos), nem para a Trindade de Criador, Preservador e Destruidor, nada exceto um Absoluto inexprimível. Em Sua direção as pessoas estão evoluindo ou involuindo, alguns se tornando espíritos de planos superiores, outros afundando em mundos inferiores. E todos pertencem ao mundo dos fenômenos, não à Realidade. Apenas o Absoluto é Real. E nem podemos realmente dizer isso sem declarar algo menor que a Verdade. Mas Ela está lá para ser realizada por alguém com o desejo e determinação como os de Milarepa.

...

Todo ser humano, todo ser, é um Buda em potencial. Depende de cada um realizar sua própria Natureza Búdica.

Postado originalmente no blog Samsara.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ego, essa noção de ser separado do mundo


[...] Ver você separado do resto, como se você existisse por si só, e tentar frear o fluxo de mudanças que passa por você e que você traduz como dor ou prazer é desconhecer a realidade. O ego, essa noção que temos de nós mesmos separados do mundo, é uma ilusão. Por essa visão de mundo, tudo está interligado, como uma grande trama, uma rede. "Ferir uma pessoa é ferir a nós mesmos. Trazer alívio a uma pessoa é trazer alívio para todas as demais pessoas, inclusive a nós mesmos", escreveu o monge vietnamita Thich Nhat Hanh no livro Cultivando A Mente de Amor.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O FILÓSOFO E A VERDADE


Um filósofo perguntou a Buddha:
"Sem palavras, sem silêncio, podeis vós revelar-me a Verdade?"

Buddha permaneceu em silêncio.

O filósofo agradeceu profundamente e disse:
"Com a vossa amável generosidade eu esclareci minha Ilusão e penetrei no verdadeiro caminho."

Depois do filósofo ter partido, Ananda interrogou a Buddha o que é que o filósofo tinha obtido.

Buddha replicou:
"Um bom cavalo corre logo, apenas por ver a sombra do chicote."

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Aqui e Agora...


“Depois do canto do pássaro, o silêncio da montanha é mais profundo”.

Haiku Japonês

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Calma, Silêncio e Sabedoria para Viver


Quando você olha num estado de calma para uma árvore ou uma pessoa, quem está olhando? É algo mais profundo do que você. A consciência está olhando para a sua própria criação.

Você precisa saber mais coisas do que já sabe? Você acha que o mundo será salvo se tiver mais informações, se os computadores se tornarem mais rápidos ou se forem feitas mais análises intelectuais e científicas? O que a humanidade precisa hoje é de mais sabedoria para viver.

Mas, o que é a sabedoria e onde pode ser encontrada? A sabedoria vem da capacidade de manter a calma e o silêncio interior. Veja e ouça apenas. Não é preciso nada além disso. Manter a calma, olhando e ouvindo, ativa a inteligência que existe dentro de você. Deixe que a calma interior oriente suas palavras e ações.

Extraído do livro: O PODER DO SILÊNCIO de Eckhart Tolle

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A verdadeira inteligência atua silenciosamente


Preste atenção nos intervalos – o intervalo entre dois pensamentos, o curto e silencioso espaço entre as palavras e frases numa conversa, entre as notas de um piano ou de uma flauta ou o intervalo entre a inspiração e a expiração.

Quando você presta atenção nesses intervalos, a percepção de "alguma coisa" se torna apenas percepção. Dentro de você surge a pura consciência desprovida de qualquer forma. Você deixa então de identificar-se com a forma.

A verdadeira inteligência atua silenciosamente. A calma é o lugar onde a criatividade e a solução dos problemas são encontradas.

Será que a calma e o silêncio são apenas a ausência de barulho e de conteúdo? Não, a calma e o silêncio são a própria inteligência, a consciência básica da qual provêm todas as formas de vida. A forma de vida que você pensa que é vem dessa consciência e é sustentada por ela.

Essa consciência é a essência das galáxias mais complexas e das folhas mais simples. É a essência de todas as flores, árvores, pássaros e demais formas de vida.

A calma é a única coisa no mundo que não tem forma. Na verdade ela não é uma coisa nem pertence a este mundo da maneira com a qual percebemos.

Extraído do livro: O PODER DO SILÊNCIO de Eckhart Tolle

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Em Silêncio...


O silêncio ajuda, mas você não precisa dele para encontrar a calma. Mesmo se houver barulho por perto, você pode perceber a calma por baixo do ruído, do espaço em que surge o ruído. Esse é o espaço interior da percepção pura, da própria consciência.

Você pode se dar conta dessa percepção como um pano de fundo para tudo o que seus sentidos apreendem, para todos os seus pensamentos. Dar-se conta da percepção é o início da calma interior.

Qualquer barulho perturbador pode ser tão útil quanto o silêncio. De que forma? Abolindo a sua resistência interior ao barulho, deixando-o ser como é. Essa aceitação também leva você ao reino da paz interior que é a calma.

Sempre que aceitar profundamente o momento como ele é – qualquer que seja a sua forma –, você experimenta a calma e fica em paz.

Extraído do livro: O PODER DO SILÊNCIO de Eckhart Tolle

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Silêncio e Calma


Sempre que houver silêncio à sua volta, ouça-o. Isso significa: apenas perceba-o. Preste atenção nele. Ouvir o silêncio desperta a dimensão de calma que já existe dentro de você, porque é só através da calma que você pode perceber o silêncio.
Veja que, quando percebe o silêncio à sua volta, você não está pensando. Está consciente do silêncio, mas não está pensando.

Quando você percebe o silêncio, instala-se imediatamente uma calma alerta no seu interior. Você está presente. Nesses momentos você se liberta de milhares de anos de condicionamento humano coletivo.

Olhe para uma árvore, uma flor, uma planta. Deixe sua atenção repousar nelas. Note como estão calmas, profundamente enraizadas no Ser. Deixe que a natureza lhe ensine o que é a calma.

Quando você olha para uma árvore e percebe a calma da árvore, você também se acalma. Você se conecta à árvore num nível muito profundo. Você sente uma unidade com tudo o que percebe na calma e através dela. Sentir a sua unidade com todas as coisas é amor.

Extraído do livro: O PODER DO SILÊNCIO de Eckhart Tolle

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

De coração a coração


«Assim como com uma vela acesa se acende outra, o mestre transmite o genuíno espírito da arte de coração a coração, para que eles se iluminem. Então, se a graça lhe é reservada, o discípulo descobre em si mesmo que a obra interior que ele deve realizar é bem mais importante que as obras exteriores, por mais atraentes que sejam, e que ele deve persegui-la se quiser ser o artífice do seu destino de artista.»

Eugen Herrigel

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

NADA É SAGRADO


Muitos percorrem muitos caminhos para concluir que tudo é sagrado. O Zen tira-nos o tapete debaixo dos pés e diz que nada é sagrado.

Quando Boddhidharma chegou à China, foi convocado para comparecer perante o imperador Wu (502-550), um patrono do budismo Mahayana. O imperador perguntou a Bodhidharma qual o mérito que este encontrava nas suas ações em prol do budismo.

- Nenhum - replicou Bodhidharma
Perplexo, o imperador indagou:
- Qual é, então, o significado das verdades sagradas?
- A Vacuidade. Nada é sagrado.
Confuso e talvez irritado, o imperador perguntou finalmente:
- Quem é a pessoa que me está a encarar?
- Não sei - respondeu Bodhidharma.

Conto Zen.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Breve diálogo entre o teólogo Leonardo Boff e Dalai Lama


Leonardo Boff explica:

'No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos,
na qual ambos participávamos, eu, 'maliciosamente', mas também
com interesse teológico, lhe perguntei:

- 'Santidade, qual é a melhor religião?'

Esperava que ele dissesse:

'É o budismo tibetano' ou 'São as religiões orientais,
muito mais antigas do que o cristianismo.'
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos
- o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia
contida na pergunta - e afirmou:

'A melhor religião é a que mais te aproxima da Unidade com o Absoluto
É aquela que te faz melhor.'
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta,
voltei a perguntar: - 'O que me faz melhor?'

Respondeu ele: - 'Aquilo que te faz mais compassivo
(e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta),
aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado,
mais amoroso, mais humanitário, mais responsável...
A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião...'

Calei, maravilhado, e até os dias de hoje
estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável.

Respondi obrigado em gasshô __/\__

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Confiem no Dharma


Um pouco antes do Buda Sakyamuni deixar esta existência física e entrar no Nirvana, Ele teria proferido as seguintes palavras a seus discípulos:

“Deste dia em diante, confiem no Dharma, não naqueles que o ensinam. Confiem no sentido, não nas palavras. Confiem na sabedoria, não no conhecimento analítico. Confiem nos sutras que expressam o sentido em sua totalidade e não naqueles que não o fazem.”

“Comentário sobre o Sutra Mahaprajnaparamita”, Nagarjuna.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Entrevista com o mestre zen Dokushô Villalba



Nesta entrevista (em espanhol claro), o mestre fala sobre o lançamento de seu novo livro "Zen na praça do mercado", sobre o uso indevido da palavra "ZEN", meditação zen (zazen), iluminação (o despertar budista), ecologia e o mercado.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

De mãos vazias


[...] Muitos monges Japoneses que foram estudar e praticar na China voltavam para o Japão trazendo pilhas de sutras Budistas como souvenirs, mas Dogen Zenji voltou com as mãos vazias. A única coisa que o mestre Dogen trouxe de volta foi tornar seu o ensinamento de Shikan-taza (somente sentar) a prática do zen.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A representação do touro no zen


Aqui, o Dr. Obadiah Harris, PhD em filosofia, fala sobre a representação do touro no zen.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Em meio ao mundo


(As Dez Figuras do Boiadeiro - 10)

O Nirmanakaya é o estado completamente desperto de estar em meio ao mundo. Sua ação é como a lua refletindo em centenas de tigelas de água. A lua não mantém o desejo de refletir, mas esta é sua natureza. Trata-se de lidar com a terra e a derradeira simplicidade, trancendendo o seguir o exemplo de alguém. É o estado de “completo fiasco” ou “cachorro velho”. Você destrói o que quer precise ser destruído, subjuga o que quer que precise ser subjugado, e você se importa com o que quer que precise que você se importe.

Extraído do site Bodisatva.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Alcançando a fonte


(As Dez Figuras do Boiadeiro - 9)

Já que este espaço e abertura e a total ausência de medo estão presentes, a brincadeira espontânea das sabedorias é um processo natural. A fonte da energia que não precisa ser buscada se manifesta; é como se você fosse rico em si e não como se fosse enriquecido por algum fator. Porque há tanto calor básico quanto espaço básico, a atividade de compaixão do Buda está viva e assim toda comunicação é criativa. É uma fonte no sentido de ser o tesouro inexaurível da atividade do Buda. Este é, portanto, o Sambhogakaya.