domingo, 7 de dezembro de 2008

A Sujeição de um Fantasma


Uma jovem esposa adoeceu e estava para morrer. “Eu o amo tanto”, disse ela a seu esposo, “não quero deixá-lo. Não me troque por nenhuma outra mulher. Se fizer isso, voltarei como fantasma e lhe causarei infinitos problemas”.

Logo depois a esposa faleceu. O marido respeitou o seu último desejo por três meses, mas depois encontrou uma outra mulher e se apaixonou por ela. Eles ficaram noivos e iam se casar.

Imediatamente após o noivado, um fantasma passou a aparecer todas as noites ao homem, culpando-o por não ter mantido sua promessa. O fantasma também era esperto. Ele lhe disse exatamente o que havia se passado entre ele e sua nova amada. Sempre que dava um presente à sua noiva, o fantasma o descrevia em detalhes. Ele até mesmo repetia conversas e importunava tanto o homem que este não conseguia dormir. Alguém lhe aconselhou a levar o seu problema a um mestre zen que vivia próximo da vila. Finalmente, em desespero, o pobre homem foi até o mestre pedir ajuda.

“Sua antiga esposa tornou-se um fantasma e sabe tudo o que você faz”, comentou o mestre. “O que quer que você faça ou diga, o que quer que você dê à sua amada, ela sabe. Ela deve ser um fantasma muito sábio. Você, na verdade, deveria admirar um tal fantasma. Na próxima vez que ela aparecer, barganhe com ela. Diga-lhe que ela conhece tanto que você não pode esconder nada dela, e que, se ela responder-lhe uma pergunta, você promete que desmanchará o noivado e permanecerá solteiro.”

“Qual é a pergunta que devo fazer a ela?”

O mestre respondeu: “Pegue um punhado de grãos de soja e pergunte a ela exatamente quantos grãos você tem em sua mão. Se ela não puder lhe responder, você saberá que ela é apenas uma invenção da sua imaginação e não lhe perturbará mais.”

Na noite seguinte, quando o fantasma apareceu, o homem a bajulou e disse-lhe que ela sabia tudo.

“Isso mesmo”, respondeu o fantasma, “e sei que você foi ver um mestre zen hoje”.

“E já que você sabe tanto”, perguntou o homem, “diga-me quantos grãos eu tenho nesta mão!”

Não havia mais nenhum fantasma para responder a pergunta.

Conto Zen.

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