quarta-feira, 29 de outubro de 2008

“Encontre o Zen, e depois, abandone-o!”


O próprio Buda Sakyamuni repetia que o Dharma assemelhava-se a uma canoa, naturalmente usada para cruzar o rio. Porém, seria pouco inteligente que o viajante resolvesse carregá-la às costas ao chegar na outra margem! É preciso abandoná-la ali para que outros possam beneficiar-se da mesma maneira. Neste mundo de desejos, de ofertas de felicidade em shoppings espirituais de todos os tipos, raros são os que advertem sobre o perigo de se ficar apegado a alguém ou a uma determinada visão. Talvez seja isto o que mais me impressiona nos ensinamentos budistas.

Enio Burgos.

Extraído do prefácio do livro Pensando Zen – A Vaca de Ferro do Zen de Albert Low.

domingo, 26 de outubro de 2008

Permaneça Aqui e Agora


Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre sua mente no momento presente.

(Sakyamuni Buda).

sábado, 25 de outubro de 2008

Ensinamentos no filme "O Pequeno Buddha"

Ensinamentos sobre manifestação cármica com o Lama Norbu no filme "O Pequeno Buddha".

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O que a prática não é


Muitas pessoas praticam e têm sólidas concepções do que a prática é. O que desejo expor (de meu ponto de vista) é o que a prática não é.

Em primeiro lugar, ela não diz respeito a causar mudanças psicológicas. Se praticarmos com inteligência, a mudança psicológica será causada; não estou questionando isto que, aliás, é algo maravilhoso. Estou dizendo que a prática não é efetuada com o objetivo de originar tal alteração.

A prática não é para conhecer intelectualmente a natureza física da realidade, saber do que consiste o universo, ou como funciona. E, repetindo, numa prática séria, nossa tendência é ter algum conhecimento desses assuntos. Mas isso não é a prática.

A prática não é atingir algum estado de graça. Não é ter visões. Não é ver luzes brancas (ou róseas ou azuladas). Todas essas coisas podem ocorrer e, se sentarmos durante tempo suficiente, talvez elas aconteçam mesmo. Porém isto não é a prática.

A prática não é ter ou cultivar poderes especiais. Há muitos deles, e todos nós já os possuímos, naturalmente. Algumas pessoas os têm numa proporção extraordinária. No ZCLA (Zen Center de Los Angeles), às vezes, eu tinha a útil capacidade de ver aquilo que estava sendo servido como jantar a duas portas de distância. Se era alguma coisa que eu não apreciava, eu não ia. Essas aptidões são pequenas excentricidades e, novamente, não constituem a verdadeira prática.

A prática não implica poder pessoal ou jôriki, a força que é desenvolvida após anos de prática do sentar. Outra vez repito, o jôriki é uma decorrência natural do zazen. E, insisto, esse não é o caminho.

A prática não é para ter sentimentos agradáveis, felizes. Não é para se sentir bem, em vez de mal. Não é uma tentativa de ser ou de sentir qualquer coisa especial. O produto ou a finalidade da prática, ou aquilo a que ela se refere, não é ser/estar sempre calmo ou controlado. Mais uma vez, nossa tendência é nos tornarmos assim após muitos anos de prática, no entanto essa não é a questão.

A prática não se relaciona a algum estado corporal de saúde absoluta, de proteção total contra qualquer tipo de doença grave. Sentar costuma produzir resultados benéficos na saúde de muitas pessoas, embora durante a prática possam escoar meses ou mesmo anos de desastres com a saúde. Mais uma vez, a busca da saúde perfeita não é o caminho; embora, sem sombra de dúvida, com o tempo, haverá um efeito benéfico na saúde da maioria das pessoas. Não há qualquer garantia nesse sentido!

A prática não significa alcançar um estado de onisciência no qual a pessoa conhece tudo de tudo, estado em que a pessoa é uma autoridade a respeito de todo e qualquer problema secular. Pode até haver uma certa clareza relativa a respeito de algumas questões, mas as pessoas esclarecidas também são conhecidas por dizer e fazer tolices. Outra vez, a onisciência não é a questão.

A prática não quer dizer ser "espiritual", pelo menos não como esta palavra costuma ser entendida e empregada. Ela não é para ser coisa alguma. Portanto, a menos que tenhamos clara nossa não-intenção de ser "espirituais", essa meta pode tornar-se sedutora e prejudicial.

A prática não envolve salientar todas as espécies de "boas" qualidades e livrar-se das supostas "más". Ninguém é "bom" ou "mau". A luta para ser bom não é a prática. Esse tipo de treino é uma forma sutil de atletismo.

Poderíamos, de modo quase incessante, continuar relacionando aspectos do que a prática não é. Na realidade, qualquer um na prática pode estar mobilizado por uma ou outra dessas ilusões. Todos esperamos mudar, chegar a algum lugar! Essa é em si uma falácia básica. Porém, o mero contemplar desse desejo começa a esclarecê-lo e a prática essencial de nossa vida se altera conforme a executamos. Começamos a compreender que nosso desejo frenético de ser melhor, de "chegar a algum lugar", é a ilusão em si, a fonte de nosso sofrimento.

Se nosso barco cheio de esperanças, ilusões e ambições (de chegar a algum lugar, de tornar-se espiritual, de ser perfeito, de alcançar a iluminação) vira de ponta-cabeça, o que é este barco vazio? Quem somos nós? O que, em termos de nossas vidas, podemos perceber, conhecer? E o que é a prática?

Texto de Charlotte Joko Beck,
extraído do livro"Sempre Zen"

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Peace


Aquele que protege sua mente da cobiça, e da ira, desfruta da verdadeira e duradoura paz.

(Sakyamuni Budda).

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Onde está a felicidade? Aqui e Agora!


"As noções que temos de felicidade nos armam ciladas. Esquecemos que elas são apenas idéias. Nosso conceito de felicidade pode nos impedir de sermos realmente felizes. Quando nos apegamos ao ponto de vista de que a felicidade deve assumir determinada forma, deixamos de ver a alegria que está bem à nossa frente."

Thich Nhat Hanh

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Self-Discipline (Auto-Disciplina)

A disciplina é uma palavra difícil para a maioria de nós. Invocam-se imagens de alguém lhe apontando um bastão, avisando que você está errado. A auto-disciplina é diferente. É a habilidade de enxergar com os próprios "olhos", seus medos e impulsos secretos. Eles não têm poder sobre você. É tudo um show, um engano. Só instiga a gritar e vociferar contra ti; são apenas ilusões, mas eles realmente não tem domínio de tudo. Ocorre-nos porque você nunca se preocupou em olhar para além da ameaça. É tudo vazio lá atrás. Existe apenas uma maneira de aprender essa lição, apesar de tudo. As palavras nesta página não irão fazê-lo. Mas olha dentro e vê as coisas que surgem durante o zazen (meditação zen) - inquietação, ansiedade, impaciência, dor - só ver surgir e não se envolver. E para sua surpresa, simplesmente vai embora na hora. Ela cresce, ela passa longe. Tão simples como isso. Não há outra palavra para a auto-disciplina. É paciência.

Henepola Gunaratana, Mindfulness in Plain English - from Everyday Mind, edited by Jean Smith, a Tricycle book.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

INTERSER


"Se você for um poeta, verá claramente que há uma nuvem flutuando nesta folha de papel. Sem uma nuvem, não haverá chuva; sem chuva, as árvores não podem crescer e, sem árvores, não podemos fazer papel. Se olharmos mais profundamente ainda, vamos poder ver os raios do sol, o lenhador que cortou a árvore, o trigo que o alimentou na forma de pão e o pai e a mãe do lenhador. Sem todas estas coisas, esta folha de papel não pode existir. Na verdade, não podemos apontar para nada que não esteja aqui-tempo, espaço, a terra, a chuva, os minerais e o solo, os raios de sol, a nuvem, o rio, o calor e, a mente.

Todas as coisas co-existem com esta folha de papel. Assim podemos afirmar que a nuvem e a folha de papel 'intersão'. Nós não podemos ser apenas nós mesmos; nós temos de interser com todas as demais coisas."

Extraído do livro "O Coração da Compreensão" do mestre zen Thich Nhat Hanh.

sábado, 18 de outubro de 2008

Apenas observe


"Quando olho para dentro, sei que não sou nada - e isso é sabedoria; quando olho para fora, sei que sou tudo - e isso é compaixão."

"O Grande Caminho não é difícil para os que não têm preferências.” Terceiro patriarca.

domingo, 12 de outubro de 2008

A SABEDORIA DA AUSÊNCIA DE EGO


[...] “Imagine uma pessoa que subitamente acorda num hospital depois de sofrer um acidente de carro na estrada, e percebe que está com amnésia total. Por fora, tudo está intacto: ela tem o mesmo rosto, a mesma forma, os sentidos e a mente estão lá, mas não tem a menor idéia ou o menor vestígio de memória de quem é. Exatamente do mesmo modo, não conseguimos nos lembrar da nossa verdadeira identidade, nossa natureza original. Freneticamente e na realidade apavorados, procuramos e improvisamos outra identidade, uma em que possamos nos agarrar com todo o desespero de alguém que vai cair num abismo. Essa identidade falsa e assumida em ignorância é o ego”.

Desse modo, o ego é a ausência do conhecimento verdadeiro de quem somos, juntamente com o seu resultado: um malfadado apego, mantido a não importa que preço, a uma imagem remendada e improvisada de nós mesmos, um eu inevitavelmente charlatanesco e camaleônico que está sempre mudando e que precisa mudar para manter viva a ficção da sua existência. Em tibetano, o ego é chamado dak dzín, que quer dizer “agarrado a um eu”. O ego é assim definido como um movimento incessante de agarrar-se em uma noção ilusória de ‘eu’ e ‘meu’, desse mesmo e do outro, e em todos os conceitos, idéias, desejos e atividades que sustentam essa falsa construção.

Esse agarrar-se é fútil desde o início e condenado à frustração. Uma vez que não tem nenhuma base ou verdade, e aquilo a que nos agarramos é, por sua própria natureza, impossível de reter. O fato de que precisamos nos agarrar a continuar agarrados a alguma coisa mostra que nas profundezas de nosso ser sabemos que o eu não existe inerentemente. Desse conhecimento secreto e assustador nascem todas as nossas inseguranças fundamentais e o nosso medo. [...]

E ainda que possamos ver além das mentiras do ego, estamos assustados demais para abandoná-lo; porque sem um verdadeiro conhecimento da natureza da nossa mente, ou real identidade, simplesmente não temos outra alternativa”.

LIVRO TIBETANO DO VIVER E DO MORRER – Sogyal Rinpoche

sábado, 11 de outubro de 2008

Deixe vir, deixe ir...


[...] segure firmemente um objeto em suas mãos, alongue os braços à sua frente com a palma para baixo e relaxe seus dedos: você perderá o que carrega. Contudo, se mantiver a palma da mão para cima, mesmo afrouxando os dedos, o objeto ainda estará ali. O segredo, então, é conservar o que se tem com desapego ou, então, soltar de vez o que não tem mais valor. Metáfora budista.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Somos o que pensamos


Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo. Só há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora. A paz vem de dentro de nós mesmos. Não a procuremos à nossa volta. Buddha.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Mente compassiva


Compassivo: que tem ou revela compaixão; que se compadece; condolente. A etimologia da palavra: provém do latim: compassivus, a, um, O substantivo é feminino: a compaixão (será que as mulheres são mais compassivas que os homens? Seria esse um atributo do lado ‘feminino?) Indica: sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la; participação espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor. A etimologia vem sempre do latim e quer dizer: ‘com-paixão‘ do verbo compadecer, etc. Indica um sofrimento comum, comunidade de sofrimentos, opiniões comuns, simpatia pelo sofrimento alheio.

Referência extraída do dicionário Houassis.

domingo, 5 de outubro de 2008

O fim do sofrimento


"Naquele que tem apego, há agitação. Naquele que não tem apego, não há agitação. Não havendo agitação, há calma. Havendo calma, não há preferência. Não havendo preferência, não há ir e vir. Não havendo ir e vir, não há falecimento e renascimento. Quando não há falecimento e renascimento, não há nem um aqui, nem um ali, e tampouco entre os dois. Isso, justamente isso, é apenas o fim do sofrimento."

Siddhārtha Gautama, o Buddha.

sábado, 4 de outubro de 2008

Onde está o guarda-chuva?


O discípulo foi visitar o mestre Tan-in. Como chovia, levou consigo o guarda-chuva. Ao chegar na casa do mestre, como manda a tradição, deixou do lado de fora os sapatos e o guarda-chuva:

- Vivi com o senhor durante dez anos, e não sei o segredo do Zen - disse.

- Vi pela janela que você chegava com um guarda-chuva - respondeu o mestre.

- Diga-me: lá fora, você deixou os sapatos à direita ou à esquerda do guarda-chuva?

- Não tenho a menor idéia. Mas que importância tem isso? Eu estava pensando no segredo do Zen!

E o mestre respondeu:

- Se você não prestar atenção na vida, jamais aprenderá coisa alguma. O Zen está em cada segundo, e cada segundo ensina mais que um milhão de livros. Viva aqui e agora, pratique a Atenção Consciente, porque este é o verdadeiro segredo do Zen.

Conto Zen.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Pensando Zen...


"Um monge perguntou a Tung-shan se este concordava com todos os ensinamentois de seu falecido mestre. "Eu aceito metade e rejeito metade." disse o Abade. "Porque não aceitar tudo?" "Se assim fizesse, não seria digno do meu mestre"."

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Cair e Levantar-se


“A harmonia e a repetição dos mesmos movimentos estabelecem um vínculo entre o corpo e a mente, que - embora difícil de conseguir - é bastante tangível. Não há outro segredo que trabalhar, cair, e tornar a levantar-se”.

“É preciso vencer o pior dos inimigos: a si mesmo”.

“É preciso entender a dinâmica própria da vida: crise, queda, maturidade com a queda, e nova iniciativa”.

“É preciso saber aproveitar a força do oponente; a conseguir ficar sem ser notado, e saber vencer discretamente”.

“E a melhor maneira de aprender é emprestar seu corpo para a luta com adversários fortes. O fraco não vai lhe ensinar nada”.

M. Moreno, da Kamuzawa.